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Todo Mundo Deveria Fazer Terapia… Será?

  • Writer: Mente Humana
    Mente Humana
  • Jul 29, 2024
  • 4 min read

A psicoterapia é frequentemente promovida como um caminho universal para o autoconhecimento e a cura emocional. Mas será que ela realmente é a solução para todos? Com mais de duas décadas de experiência em psicoterapia e tendo vivenciado o processo como paciente desde 1998, levanto algumas questões críticas sobre a eficácia e adequação da terapia para cada indivíduo.


Muitas pessoas buscam a psicoterapia em momentos de profundo desgaste emocional e disfunção pessoal ou social. O caminho até o terapeuta pode ser sinuoso: pode ser desencadeado por recomendação de um profissional, por uma condição imposta por algum familiar ou mesmo pela dor intensa que motiva o paciente a buscar ajuda. Raramente, esse movimento ocorre por um desejo autêntico de autoconhecimento; embora, em alguns casos, isso também aconteça.


Quando um paciente encontra um terapeuta com quem estabelece uma conexão genuína, o espaço de acolhimento é criado. Esse espaço é crucial para a experiência terapêutica, pois permite que o paciente se sinta visto e ouvido em um ambiente de baixo ou nenhum julgamento. A partir desse ponto, o paciente pode começar um processo de reflexão profunda sobre si mesmo.



A psicoterapia bem-sucedida pode proporcionar um senso de percepção e inteligência emocional que dificilmente seria desenvolvido de outra forma. No entanto, o problema surge quando essa inteligência se torna meramente teórica ou intelectual, valorizando a reflexão sobre a ação prática. Nesse cenário de estimulação mental com reforço positivo através da relação terapêutica, tanto o profissional quanto o paciente podem acabar desenvolvendo uma dependência mútua, que não é saudável.


Psicoterapeuta também é gente! É importante considerar que, se os pacientes rapidamente encontram alívio e seguem adiante, o terapeuta pode sentir a pressão de buscar constantemente novos clientes, uma habilidade distinta da capacidade de fornecer um atendimento efetivo. Nesse contexto, a relação entre terapeuta e paciente pode se transformar em uma dependência que muitas vezes reflete padrões aprendidos na infância (dos quais o paciente precisa se livrar ao invés de reforçar). 


Além disso, a figura do terapeuta, que possui um conhecimento e uma posição de suposto poder, pode inadvertidamente reforçar sentimentos de inferioridade e dependência no paciente. A psicoterapia é eficaz quando realizada em um ambiente adequado, com um profissional ciente de suas habilidades e limitações e que valorize o indivíduo como um ser maior do que seus traumas e experiências passadas,  a fim de não reforçá-las sessão após sessão.


Embora seja tentador para o terapeuta e para o paciente focarem na identidade de vítima, é crucial evitar que o paciente se prenda a essa identidade. O objetivo da terapia deve ser ajudar o paciente a se reconectar com sua essência e a construir uma nova perspectiva de si mesmo, focando em novos hábitos e na superação gradual dos desafios da vida, preparando e o fortalecendo para o mundo do jeito que ele é (com suas dificuldades e desafios). 


Investir em novos hábitos, enfrentar desconfortos necessários e romper com a mentalidade de vitimização são passos fundamentais para o crescimento pessoal. A verdadeira transformação vem da reconexão com o próprio poder pessoal, independentemente da técnica oferecida ou de quem a oferece.


É fundamental reconhecer que nem todos os terapeutas estão em perfeita harmonia interior, por melhor que sejam suas intenções. Infelizmente, alguns profissionais podem estar enfrentando suas próprias dificuldades de maneira inconsciente, ou ainda usando substâncias para se manterem funcionais num mundo em que também pagam contas. Por isso, é importante ter discernimento e confiar em sua intuição ao escolher um terapeuta.


Este texto serve como um alerta: embora a terapia seja uma ferramenta valiosa para muitos, não é a solução ideal para todos (como nada é solução universal nesta vida). Acima de tudo, ela pode não ser eficaz para quem não se sente confortável em se expressar verbalmente.


A ação é essencial para que estados mais elevados sejam atingidos. Para quem não tem interesse em se “psicoterapeutizar", existem outras formas de se expressar, de superar adversidades e se mover adiante, tais como:


  • Atividade Física: Praticar esportes, artes marciais, dança, corrida, levantamento de peso, yoga, ou caminhada é fundamental para desenvolver disciplina, força pessoal e se sentir melhor no dia a dia, favorecendo os pequenos passos necessários para sair da inércia. 

  • Conexão com a Natureza: Experimentar a sensação de pisar na terra, tomar um banho de cachoeira, contemplar o céu ou fazer uma trilha são algumas das atividades para uma rápida reconexão interior e sensação de bem estar. 

  • Serviço: Ajudar alguém, passar conhecimento adiante, cozinhar para um amigo em dificuldade ou mesmo limpar sua própria casa dão senso Propósito. 

  • Intencionalidade: Começar o dia com uma intenção positiva e prestar atenção para que esse dia se manifeste da melhor forma possível, rompendo com hábitos repetitivos que, por mais que sejam compreendidos intelectualmente, se não forem combatidos com ação e novos hábitos, continuarão levando o paciente à sessão de terapia semana após semana, por anos ou décadas.


Ao procurar qualquer profissional, é essencial não se colocar em segundo plano. Confie em seu instinto e intuição e evite usar a necessidade de aceitação como uma justificativa para permanecer em uma relação terapêutica que possa estar reconfigurando dinâmicas parentais disfuncionais.


Espero que este post tenha lhe agregado valor. Se achar que ele serve pra alguém, não hesite em compartilhar. Um forte abraço da Carolina (contato@carolinaioca.com.br)

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